terça-feira, janeiro 31, 2006
Alma de Surfista
"O verdadeiro espírito do surf. Um acto tão simples como a procura de boas ondas torna o ser humano num verdadeiro nómada. A magia de surfar picos desconhecidos, a incerteza da viagem, conhecer novas pessoas e culturas... a alma do surfista. "
... as cores de um fim de tarde, a sensação de andar descalço na areia molhada, o prazer de conhecer novos sítios, as aventuras e desventuras, as imagens que não se esquecem... as caras que marcam... as vidas daqueles que sentem, vivem e sonham... as ondas.
... uma fogueira na praia, uma noite de verão, uma viagem à montanha, uma guitarra... um copo de vinho, uma boa piada, uma longa viagem de carro... uma praia deserta... uma praia de inverno... o calor do verão, o sal no corpo... um bom filme, a boa música, uma boa conversa... uma forma de expressão... a mulher, o homem... o corpo, a cara... a alma... o bom que é viver...a natureza, o mar... o surf.
(Este texto é para alguém que assim como eu têm Alma de surfista...R.L.)
quarta-feira, janeiro 25, 2006
"Mais uma Amiga que se vai embora. Foi preciso tal para entender quão valiosa é a intimidade que possamos encontrar ao lado de alguém. Falo daquilo que pouco temos durante uma vida inteira, no meio da multidão. Saber que sermos quem somos basta para aquela pessoa, que não precisamos de máscaras, que podemos deixar cair os nossos muros, porque quem ali está, só quer entrar até onde deixamos.
Ver o nosso interior sem julgamento, falar connosco quando já nos escutou, abraçar com um encontro de corpos verdadeiros....esperar até ser a alturar ideal para falar, não forçar o acontecimento entre dois seres.
Tudo acontece de uma forma natural, sentimentos que não são forçados porque nada se espera, nada se exige, até as discussões são ocorrências que nos aproximam mais ainda.Amiga, agora que te foste embora sei que somos realmente abençoadas por esta especial relação. Quantas vezes me senti sozinha e bastou uma palavra tua para me recordar que isso não é verdade, quantas vezes me levantaste e me fizeste sorrir quando me apetecia chorar, quantas vezes me disseste, “estás aí nas nuvens, talvez seja melhor desceres, queres que te ajude?”Quantas vezes gritámos e amuámos para logo perceber que até nisso estamos tão próximas...
A maravilha de sermos íntimos de alguém é podermos ser quem somos ao natural, sem medos e constrangimentos e aceitar isso no outro.Sabes quanta sorte temos em ter-nos?? Acho que sabes...Mas quantas pessoas se fecham em si e vivem, no dia a dia, relações superficiais, quantas portas se fecham e janelas se abrem, porque quanto mais prisão existe mais sentimento de evasão cresce dentro de nós!Quantas relações nos cercam sem que não se toque mais que o estritamente superficial, sem que o que há de verdadeiro em nós seja descoberto.
Quantas vezes passamos ao lado um dos outros sem que o olhar se cruze verdadeiramente, não olhamos para lá da pele.Se ouvíssemos o que vai cá dentro uns dos outros espantar-nos-íamos de quão ricos somos e que transmitimos uma pobreza imensa porque a nossa rede é estreita de mais."
(Estas sempre no meu coração...)
...Não se afogem no simples...
"A vida é uma daquelas coisas que todos temos como dádiva, e que todos esperamos nunca deturpar com névoas entrincheiradas numa vala de monotonia aguda, a qual um dia poderemos no leito da morte, recusar como válida, e chorar por nunca termos sentado numa árvore e lineado momentos de perfeita harmonia com o universo.
Frente a um espelho qualquer alma se sente no direito de ser uma única fonte de energia pronta a fazer do mundo um local em simbiose intensa com o acto de estar. Mas a maioria cai, cai num buraco negro cósmico, assente numa realidade diária, superficial, restrita a fazedores de sonhos, e meticulosamente agarrada a uma panóplia de mecanizações produtoras de energia, energia gasta num inerte sistema de sobrevivência.
Sobrevivência - é isso que a maioria tem como sentido de vida.
E o mundo gira, os sobreviventes alimentam a grande máquina que faz o mundo rodopiar frenéticamente, incapazes de se auto determinarem e sentirem a verdadeira essência da Criação, da Existência - o porquê da vida. Perdemos muito tempo a olhar para o imensamente grande, ou imensamente pequeno, tornamo-nos mesquinhos, megalómanos, pseudo-altruistas sem pingo de amor, acorrentamo-nos ao infimo designio de um monstro sagrado, e sentimo-nos como se a maior das felicidades nos tivesse alimentado os bolsos.
A busca por momentos de sublimação fisica e espiritual, os extremos cantos da vivência diária, não são coisas que o comum dos mortais procure ou alcance facilmente, a livre circulação de sensações, a transformação lenta em sentimento, o amor, o sorriso feliz e a harmonia sincera com o que nos rodeia, não é uma imagem simples que é por vezes substituida por cenários de papel alimentando uma ilusão, ilusão essa que nunca pode ser mais do que um animal ferido, moribundo caído em areia movediça, calma, inquietante, traiçoeira e fatal.
E na água mais calma, o ser sobrevivente um dia colapsa, nem que seja no fim da sua existência, o colapso dá-se na constatação da insignificante linha que traçou um caminho inutil neste mundo. A felicidade não se alcançou, foi antes uma ilusão, e a monotonia vingou sobre a harmonia. Então o homem afoga-se.
É traçando o nosso mapa, aquele mapa em branco que se escreve à medida que o tempo nos destila a existência, que um dia podemos morrer sorrindo e olhando os pássaros voar sabendo que em tempos também voámos. Traçar esse mapa é tarefa que tem como inata, a dificuldade inerente à tendência humana para a automatização e consequente monotonia. Traçar esse mapa é libertação, mental, física, espiritual... é deixar o coração fluir e sentir o verdadeiro apelo da vida.
Surfar uma onda, é por isso um acto em mar revolto, mais um traço no mapa rendilhado de linhas, amor ao mar, à vida, a nós próprios e aos nossos designios. É a harmonia com a ambiência, é viver intensamente o segundo a segundo de cada particula de água dinamizada pelas forças universais da Natureza, como muitos outros modos de vida, o surf é isso... não afogar no simples, no calmo e fácil. É antes de mais, em mar revolto Viver."
"...Não se afongem no simples..."
A arte do teu ser...
"Alguma vez conseguiste sentir a perda da noção do tempo e do espaço quando fazes alguma coisa? Alguma vez deixaste de sentir o respirar?Estar na presença de um bailarino que deixou de o ser para dar lugar exclusivamente ao movimento, estar na presença de um pintor que deixou a técnica no passado e apenas se entrega ao que a tela pede....é simplesmente avassalador. Perceber que existem pessoas que são absorvidas pelo que fazem, deixando de ser quem são no dia a dia, é algo que me maravilha. Naquele instante são pura arte...pura arte de ser e pura arte no sentido literal da palavra. A arte não está na técnica, no ter que fazer, está na entrega total ao que quer que seja. Pode ser um quadro, pode ser um livro...pode ser amar e, mais que tudo, está na capacidade de sermos nós mesmos.Esquecer a existência do abismo que existe entre nós e a realidade diária para dar lugar à entrega total num único acto...esquecer todas as nossas angústias e alegrias, esquecer que precisamos de respirar para viver...pura e simplesmente esquecer o que somos para dar lugar à arte de fazer algo torna-nos puros. Ali somos aquilo que fazemos, ou melhor, tornamo-nos aquilo que a arte nos faz sentir. A diferença a que estamos habituados na nossa sociedade do ser, do ter, da profissão...não existe.Olhar um tubo de quem se torna parte da onda, um dançarino que se torna o próprio movimento, um músico que flui nas pautas que toca, um livro que faz esquecer que alguém o escreveu, uma professora que passa a ser a história que relata e a sala de aula que se torna o cenário concreto...No fundo, estar na presença destas pessoas que se tornam na arte do que fazem é pura magia, é o contacto com o divino!Qual é arte do teu ser? Alguma vez já lá estiveste? E quando voltaste, sentiste o lapso do tempo que saiste desta realidade para te encontrares com a pureza do ser?"
"Qual é a arte do teu Ser?"
terça-feira, janeiro 24, 2006
"No surf como na vida nunca se conheçe o futuro... A onda que viaja através do oceano é vaga. A onda que choca com o declive da costa, antes de ser Surf/Espuma é alma de surfista..."
"...Talvez o vento, talvez as marés, talvez o jeito de seres como és... Estavas na praia os teus gestos discretos era mistérios de outros alfabetos..."
Para mim é tudo, no meio do nada!
"Não consigo imaginar o meu sangue sem pitada de sal.
Sinto o teu sal correr-me nas veias, sinto a tua força invadir o meu peito.
O Surf é ser menina por algumas horas, é sorrir com alma e coração, é viver o sonho novamente.
É negar por algum tempo que somos adultos, que temos problemas, que amamos ou que estamos prestes a amar, que nos decepcionamos ou que perdemos aquela pessoa querida.
Para mim é tudo, no meio do nada!
É aquela resposta a insatisfação constante que a condição humana esta condenada, é um meio para preencher o vazio quando por momentos novos desafios não parecem existir!
O Surf mais do que tudo vive-se.
É uma paixão que resiste, talvez a única!
E ainda bem que hoje sou apaixonada pela paixão que resiste..."
"Aloha"
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